Embora seja o maior terminal aeroviário do Brasil, o aeroporto de Guarulhos nunca teve uma estrutura complementar que fizesse jus à sua imponência.
Esse contexto abrangia, sobretudo, a falta de uma conexão direta com o transporte sobre trilhos para facilitar o deslocamento dos passageiros.
Para não ser injusto e dizer que havia um total de zero possibilidades, a única alternativa disponível para chegar ao sistema metrô/trem era embarcar em um ônibus da EMTU e encarar o percurso de mais ou menos 55 minutos até a estação Tatuapé (parece pouco atrativa, né?).
Mas para o alívio das mais de 42 milhões de pessoas que passam por Cumbica anualmente, esse cenário desalentador começou a mudar a partir de 31 de março de 2018, quando foi inaugurada a linha 13-Jade da CPTM.
O ramal de 12,2 km liga o trem do aeroporto à zona leste de São Paulo, começando na estação Aeroporto-Guarulhos (meu ponto de partida nessa jornada) e terminando na estação Engenheiro Goulart.
A partir de Engenheiro Goulart é possível fazer transferências (ou baldeações, como se fala em SP) sem precisar desembolsar qualquer valor extra.
Ou seja, saindo do aeroporto, você pode percorrer toda a Região Metropolitana de São Paulo usando o sistema metroviário por apenas R$ 4,30 – tarifa de junho de 2019.
Além dessa opção tradicional que faz parada em todas as estações, também existem outras duas alternativas para o público oriundo do aeroporto: o Airport Express e o Connect (falo deles no final do texto).
Por que escolhi o trem para sair do aeroporto de Guarulhos?
Eu fui acionado pela firma para uma viagem a São Paulo, então passei algumas horas procurando por um voo razoavelmente bacana, até que encontrei um LATAM chegando às 16h de uma segunda-feira.
Se fosse possível, eu teria escolhido um horário no meio da manhã ou mais para as 21 ou 22 horas, assim até daria para tentar escapar do rotineiro congestionamento paulistano.
Mas conhecendo bem o modo ogro da cidade, às 4:00 PM era praticamente impossível cumprir a missão inglória de atravessar a metrópole sem perder umas duas horas no trânsito.
Por esse motivo, preferi declinar os pedidos de carona e resolvi apostar em qualquer outra possibilidade de transporte.
Como eu chegaria muito próximo do horário de pico, isto é, um período do dia hostil para se locomover pelas vias entupidas de SP, achei que seria a oportunidade perfeita para testar o serviço de trem da CPTM.
Para você entender como foi a minha viagem, vou deixar aqui o Mapa do Transporte Metropolitano, assim você pode se guiar pelas linhas e estações do sistema (o mapinha também pode ser útil para você no futuro).
Meu ponto de partida foi a estação Aeroporto (linha 13-Jade) e meu ponto de chegada foi a estação São Paulo-Morumbi (linha 4-Amarela). A distância entre as duas chega a estrondosos 47 km (!).
Como chegar ao ônibus que leva à estação Aeroporto-Guarulhos
Embora eu tivesse a intenção de utilizar o trem para sair do aeroporto, não fiz nenhuma pesquisa prévia sobre o serviço. Eu sabia tão somente que existia um ônibus que levava os passageiros até a estação.
Não tinha pesquisado os horários, nem mesmo o local que eu deveria me dirigir para embarcar no ônibus.
Preferi encarar esse desafio como se fosse um turista desavisado chegando à cidade pela primeira vez (eu moro em Recife há dois anos, mas meu berço é São Paulo).
Para ser sincero, eu esperava alguma dificuldade para encontrar o local de parada do ônibus, mas o aeroporto fez um bom trabalho de sinalização.
Tão logo deixei o local de restituição de bagagem, já pude conferir as placas indicando a direção certa – bastava seguir até a saída (como se fosse para o estacionamento do aeroporto), virar à direita e seguir adiante.
De fato, o ponto para embarcar no ônibus circular fica a mais ou menos 250 metros da saída.
Há mais placas indicativas pelo caminho, e também tem um totem informativo instalado no local em que o ônibus estaciona para pegar os passageiros.
Apenas tome cuidado para não se confundir e entrar no ônibus errado!
Antes de chegar à parada do ônibus que se dirige à estação Aeroporto, inevitavelmente você passará pelo ponto do ônibus da EMTU.
Esse ônibus da EMTU, que faz a linha 257 – Guarulhos (Aeroporto Internacional de São Paulo)/São Paulo (Metrô Tatuapé), tem a pintura branca e cobra tarifa de R$ 6,45 (tarifa de junho de 2019).
O ônibus que eu peguei para a estação Aeroporto é verde e tem as inscrições do GRU Airport – e o melhor de tudo: é gratuito.
O “verdinho do aeroporto” é circular, parte da estação de trem a cada 20 minutos e percorre os três terminais de Cumbica. Ele opera diariamente, entre 4h19 e 0h35.
Inclusive tem um mapinha legal para você entender como funciona a operação do ônibus circular.
Eu acabei dando sorte no dia, pois literalmente precisei esperar apenas um minutinho por ele.
Foi tão rápido que nem consegui tirar uma foto do totem que indica a parada do ônibus (mas consegui fazer um registro honesto dele!).
Horários de partida do ônibus entre os terminais
Embora o serviço funcione diariamente entre 4h19 e 0h35, existe uma escala de partida entre os terminais que muda de acordo com o horário do dia.
O ônibus parte a cada 5 minutos (entre 5h00 e 0h00) e a cada 1 hora (entre 0h00 e 5h00).
Se você vai chegar em Guarulhos depois da meia-noite, é bom se programar para não ficar muito tempo esperando pelo circular.
Trajeto entre o terminal 2 do aeroporto e a estação Aeroporto-Guarulhos
O modo de operação do circular do aeroporto é igual aos dos ônibus de linha convencionais. Assim que todos embarcam, ele parte em retirada. Então, levou pouco menos de um minuto para sairmos rumo ao terminal 3.
Quando eu embarquei, o ônibus já estava cheio porque havia passado pelo terminal 1 antes. Pelo que pude notar, quase nenhum passageiro tinha bagagem – a maioria das pessoas pareciam ser funcionárias do aeroporto.
Eu estava com uma mala de bordo, uma mochila e uma sacola, e consegui me acomodar no fundão.
Fiquei em pé, mesmo, já que o ônibus tem menos assentos do que os modelos tradicionais – acredito que eles tenham adotado essa configuração para poder acomodar mais bagagens.
O percurso entre os terminais 2 e 3 durou apenas três minutos. A maioria dos passageiros ficou no terminal 3, esvaziando o ônibus e liberando praticamente todos os lugares para sentar.
Depois dessa parada super rápida, seguimos em direção à estação. E então os 2,9 km entre meu ponto de partida e a estação de trem foram vencidos em apenas 9 minutos. Achei um tempo muito bom.
Chegada à estação Aeroporto da CPTM
Ao passar pelo portão de acesso da estação, segui em direção à escada rolante que leva à passarela construída sobre a rodovia Hélio Smidt. Terminando essa travessia rápida, virei à esquerda para chegar à bilheteria.
Você pode acompanhar meus passos dessa rápida travessia no videozinho que eu registrei no dia.
Quando cheguei à bilheteria, havia apenas um guichê aberto e só uma pessoa sendo atendida. Para a minha surpresa, não havia fila, o que podemos considerar um fato inédito em SP.
Depois de pagar R$ 4,30 pelo meu bilhete, passei pela catraca e fui informado por um dos agentes da CPTM que os trens partiam em intervalos de 20 minutos. Um deles havia acabado de sair às 16h40, então o próximo só às 17h.
Embarque na estação Aeroporto-Guarulhos
Logo em seguida, subi as escadas que levam à plataforma e pude confirmar minhas impressões iniciais. Consegui contabilizar um total de 9 pessoas aguardando a chegada do trem. De fato, um número absurdamente aquém do que a estação pode comportar.
Um deles era o Sergio, um colombiano de meia-idade que viajou pelo Brasil para acompanhar as partidas da Colômbia pela Copa América.
O Sergio acabara de chegar de Salvador e estava totalmente confuso com o mapa de estações do Metrô/CPTM.
Ofereci ajuda e perguntei em qual parada ele ficaria. Ao descobrir que se tratava da estação Pinheiros, respondi que eu estava indo para a mesma direção (a Linha 4-Amarela), que vai até a zona oeste de São Paulo.
Contudo, sofrendo para gastar meu portunhol claudicante, deixei claro que apesar de ser um cidadão paulistano, essa seria a primeira vez que eu faria o percurso de trem saindo do aeroporto.
Em outras palavras, quis deixar ele ciente de que eu estava propenso a cometer algum deslize pelo caminho.
Às 16h58, dois minutos antes do horário programado, a composição da CPTM percorreu os metros finais de trilhos até parar na estação Aeroporto.
Tempo entre o embarque no ônibus circular até o embarque no trem: 38 minutos
Estação aeroporto até estação Engenheiro Goulart
As pouco mais de 30 pessoas que embarcaram no trem se dispersaram entre todos os vagões, o que forneceu condições favoráveis para a primeira etapa desbravando os trilhos paulistas.
Com a maioria dos assentos vagos, pudemos nos acomodar com tranquilidade para seguirmos viagem sentados – e assim permanecemos até o final da linha.
Vale muito ressaltar que o trem é novo, confortável e limpo, o que acrescentou mais um ponto positivo à experiência.
O mais curioso nesse momento foi o fato de o trem ter chegado antes do horário previsto (16h58) e ter partido depois do horário estipulado (17h02). 🤔
Mas mesmo que ele tenha saído com os dois minutos de atraso, no restante do percurso não houve qualquer imprevisto. Nem mesmo houve o mínimo sinal de lotação, já que poucos passageiros subiram na estação Guarulhos – Cecap.
Chegamos ao ponto final da linha 13-Jade às 17h13.
Tempo entre as estações Aeroporto e Engenheiro Goulart: 11 minutos
Primeira transferência e trajeto até a estação Brás
Neste ponto precisávamos fazer a baldeação para a linha 12-Safira, e a viagem começou a ganhar uma atmosfera mais aventureira.
Como eu não conhecia a estação Engenheiro Goulart, fiquei receoso em errar o local da transferência.
Mas graças à boa sinalização, minha preocupação não se confirmou: as placas são bastante claras e ajudam muito as pessoas que repentinamente se sentem sem rumo.
Naquele momento do final da tarde não havia uma concentração considerável de pessoas circulando entre as estações, então, em apenas dois minutos estávamos na plataforma aguardando o trem que nos levaria até a estação Brás.
E ele custou pouco a chegar: com pouco mais de 1 minuto de espera, já pudemos notar seu letreiro luminoso apontando no túnel.
Dessa vez não tivemos a mesma comodidade que encontramos na linha Safira. Apesar de não estar abarrotado, o vagão estava cheio, e não conseguimos assentos vagos.
No entanto, vale ressaltar que isso não foi um problema para mim, que não custa lembrar, estava circulando com uma mala, uma mochila e uma sacola.
Eu fiquei surpreso mesmo foi com o tempo de viagem (na verdade fui iludido pelo mapa da CPTM). Por se tratar de apenas duas estações, imaginei que seria uma viagem rápida.
Mas me enganei: saímos de Engenheiro Goulart às 17h16 e chegamos ao ponto final da linha, no Brás, às 17h32.
Tempo entre as estações Engenheiro Goulart e Brás: 16 minutos
Transferência entre Brás e Luz
A saída do trem na estação Brás foi, digamos, a parte mais emocionante da viagem. Tão logo as portas se abriram, uma verdadeira avalanche humana avançou sobre nós e se apoderou dos vagões em questão de segundos.
Naquele momento de tensão desenfreada, eu usei minha mala como escudo e concentrei todas as forças para conseguir sair do trem.
Acabei sendo expelido para a plataforma e voltei minha atenção para encontrar meu companheiro de viagem colombiano (quem saberia dizer onde ele estaria depois de enfrentar aquele tsunami de gente?).
Depois de retomar às condições normais e conseguir localizar o Sergio, meu próximo objetivo era localizar a plataforma da linha 11 – Coral, cujo trem nos guiaria até a estação da Luz. Não foi tão difícil, afinal, era só seguir as placas novamente.
Porém, como nesse horário havia realmente MUITA gente na estação Brás, a travessia foi forçosamente mais lenta, e levamos aproximadamente 5 minutos para chegar até a plataforma certa.
Uma vez lá, esperamos apenas 2 minutos pela chegada do nosso transporte, e partimos às 17h40.
Trajeto entre as estações Brás e Luz
Como já era o fim da linha, os vagões estavam com uma lotação mediana: nem muito cheios, nem muito vazios.
Novamente não tivemos a sorte de encontrar lugares livres para sentar, mas isso ficou bem longe de ser um problema. Mesmo ficando em pé, a viagem foi confortável.
De novidade nesse percurso, pudemos notar a presença de alguns ambulantes ofertando seus produtos aos passageiros – essa é uma prática frequente nos carros da CPTM, e por esse motivo eu esperava ter visto mais vendedores nos outros trens.
O trajeto em si foi tranquilo e sem paradas inesperadas. Chegamos na Luz às 17h44 para fazer a transferência até a linha 4 – Amarela do metrô e, enfim, entrar na reta final da viagem.
Tempo entre as estações Brás e Luz: 4 minutos
Transferência entre CPTM e Metrô
Era um horário crítico quando chegamos à estação da Luz, e eu já imaginava que teríamos um cenário parecido (ou até mais caótico) ao enfrentado na estação Brás.
A Luz é uma parada estratégica com ligação para uma porção de linhas da CPTM e do Metrô, por isso seus corredores estão sempre empanturrados de pessoas circulando a passos acelerados para fazer as baldeações.
Tal fato gritou aos olhos do Sergio, que não conseguiu esconder o ar de estupefação ao presenciar o volume intenso de passageiros circulando pra lá e pra cá.
Na Luz é mais ou menos assim: quem não está familiarizado com as direções pode ser perder com facilidade, ou simplesmente pegar um caminho errado depois de ser sugado pelo mar humano que toma forma na estação. Então, o conselho é ter calma e seguir a sinalização com cuidado.
Como eu já havia passado muitas vezes por lá quando morava em São Paulo, não tive problemas para encontrar o rumo certo até o Metrô.
Mas mesmo conhecendo o local, admito que fiquei aliviado por ter deixado aquele pandemônio para trás.
Enfim, conseguimos fazer a travessia em questão de 5 minutos, e tivemos que aguardar apenas 1 minuto pela chegada do metrô.
Os ponteiros do relógio marcavam 17h50 quando partimos em direção à estação São Paulo-Morumbi.
Trajeto entre as estações Luz e São Paulo-Morumbi
Entre todos os ramais do Metrô paulistano, a Linha 4-Amarela é a que possui o projeto mais recente. É nela que estão os carros mais modernos de toda a rede, inclusive contando com a inovadora tecnologia de trens sem condutores.
Os vagões têm ar condicionado, são limpos e confortáveis, e se você partir da estação da Luz, dificilmente terá o azar de não conseguir um lugarzinho vago para se sentar – nesse dia não foi diferente.
Mas vale lembrar que estávamos em pleno horário de pico, logo, não passamos ilesos pela lotação habitual que se forma nessa fração do dia.
O espaço disponível diminuía à medida que avançávamos pelas estações, proporcionando uma condição um pouco desconfortável para quem estava de pé – sobretudo quando chegamos à Paulista.
Contudo, mais ou menos 70% dos passageiros desembarcaram na estação Pinheiros. Essa era também o destino do colombiano Sergio, que agradeceu pela ajuda e seguiu seus passos em carreira solo por São Paulo.
Apenas mais duas paradas me separavam do desfecho da minha peregrinação pelos túneis paulistanos. A essa altura, o metrô já estava praticamente desocupado. Dali em diante, foram mais uns 5 tranquilos minutos de trajeto.
E então, minha viagem chegou ao fim quando o relógio apontava exatamente 18h07.
1 hora e 47 minutos após meu embarque no ônibus do aeroporto, eu desembarcava na estação São Paulo-Morumbi são, salvo e com a consciência de que havia feito um bom negócio ao usar a rede metroviária para me locomover.
Tempo entre as estações Luz e São Paulo-Morumbi: 17 minutos
Vantagens em usar o trem do aeroporto
Indubitavelmente, o fator econômico é o benefício mais gritante em defesa ao uso do trem. Eu percorri quase 50 km do aeroporto até a zona oeste de SP com apenas R$ 4,30.
Uma corrida de táxi ou de Uber ficaria na base de R$ 130 para fazer o mesmo trajeto.
Se você quiser ter conforto por um preço mais justo, pode pagar R$ 39 pelo Airport Bus Service, os ônibus executivos de pintura azul e vermelha que partem de Cumbica para esses destinos:
- Aeroporto de Congonhas
- Avenida Paulista
- Praça da República
- Rodoviária do Tietê
- Rodoviária da Barra Funda
Alugar um carro no aeroporto também é uma alternativa. Você terá mais mobilidade e autonomia, mas uma diária deve sair por pelo menos R$ 45 – isso sem contar o combustível.
Em relação à duração da viagem, de fato o trem não é o mais rápido, mas ainda assim não fica longe das outras opções de locomoção mais cômodas.
Levei 1h47 para chegar ao ponto final, contra 1h40 que seriam gastos de carro, por exemplo (estimei o tempo de viagem pelo Google Maps).
Mas mesmo sendo (um pouco) mais demorado, me surpreendi com a eficiência do serviço. Em todas as estações, fiquei pouquíssimo tempo esperando pela chegada dos trens.
Pelos padrões famosos da sempre atrasada São Paulo, esse é um ponto extremamente positivo que deve ser registrado.
Desvantagens em usar o trem do aeroporto
A tarifa de R$ 4,30 é excelente, mas a economia cobra seu preço. E o principal deles é a falta de comodidade.
Não que ela inexista por completo, mas usando o trem você não terá seu lugar lindo e confortável te esperando, nem um motorista que vá te levar ao seu destino sem fazer nenhuma parada pelo caminho.
Fazer as incontáveis transferências entre as estações, subir e descer escadas com bagagens, andar entre multidões e correr o risco de se perder talvez sejam os fatores que afugentem o público do trem do aeroporto.
Esses entreveros ainda podem ser potencializados se a pessoa vem de um voo cansativo – nesse caso, escolher entre um Uber ou um táxi seria muito mais confortável.
Além disso, a questão do tempo de viagem também tem sua influência negativa sobre o uso do trem.
Em horários de pico ele até pode ser uma boa opção, mas em momentos do dia com menos tráfego nas ruas, o trajeto feito de carro pode ser bem mais rápido.
Aí você vai ter que se fazer a velha pergunta Tostines: gastar menos e demorar mais ou gastar mais e demorar menos?
Tudo é uma questão de ponto de vista – e de aperto no bolso.
Uma falha importante: falta conexão entre o aeroporto e a estação de trem
Um ponto que levanta questionamentos dos passageiros (com razão) é a inexistência de uma ligação direta entre os terminais do aeroporto e a estação de trem.
Para quem não sabe, essa obra foi inaugurada envolta a uma espessa camada de controvérsia. Ou melhor: antes mesmo de ser entregue à população, ela já causava polêmica. Tudo por conta de um atraso obsceno de 14 anos.
Quando foi lançado o plano de viabilidade dessa estação, a expectativa de entrega era 2004. Mas as promessas foram se arrastando no curso do tempo.
Depois, todos esperavam que a construção ficasse pronta para receber os turistas que chegariam a São Paulo para a Copa do Mundo de 2014. Mas o que se viu foi a repetição do fracasso. #epicfail
Foi preciso esperar o tempo de acontecer outro mundial de futebol para, enfim, o projeto sair do papel e ganhar vida. Mas ainda assim, foi entregue sem uma ligação direta com o aeroporto.
A alternativa encontrada pela administração do GRU Airport foi ceder os ônibus circulares para levar o público dos terminais até a estação – e vice-versa.
A boa notícia, no entanto, é que novas obras foram anunciadas para melhorar a locomoção dos passageiros. Uma linha de monotrilho será construída para interligar os três terminais do aeroporto à estação de trem.
A expectativa de entrega do novo trecho é maio de 2021. Depois de tantos atrasos, só nos resta torcer para que o prazo seja cumprido.
Quais são as outras opções de trem para sair do aeroporto de Guarulhos?
Quem quer fazer uma viagem de trem mais rápida e confortável, pode optar entre duas alternativas oferecidas pela CPTM que se diferem do sistema tradicional que eu utilizei.
Airport Express
O primeiro deles é o Airport Express. Esse serviço percorre o trajeto entre o aeroporto e a estação da Luz, na região central de São Paulo, sem fazer paradas. O tempo de percurso é de apenas 35 minutos.
Eu até gostaria de ter utilizado o Airport Express, mas ele tem uma desvantagem determinante: opera em apenas cinco horários durante os dias de semana e em três horários aos fins de semana e feriados.
Como meu voo havia aterrissado às 16h00, eu teria de esperar até as 21h00 para pegar o trem (sem chance).
Horários do Airport Express de segunda a sexta
Sentido Aeroporto-Luz
- 9h00, 11h00, 13h00, 15h00 e 21h00
Sentido Luz-Aeroporto
- 10h00, 12h00, 14h00, 16h00 e 22h00
Horários do Airport Express aos fins de semana e feriados
Sentido Aeroporto-Luz
- 7h05, 12h05 e 17h05
Sentido Luz-Aeroporto
- 8h00, 13h00 e 18h00
A tarifa do Airport Express é R$ 8,60. Atenção: o pagamento só pode ser feito em dinheiro.
Connect
Já o Connect é um serviço que percorre o trecho entre as estações Brás e Aeroporto.
A principal diferença em relação ao sistema tradicional é que você não precisa fazer a transferência na estação Engenheiro Goulart – essa foi a primeira baldeação que fiz na minha viagem.
Contudo, no restante do trajeto ele vai parando em todas as outras estações. Não vi muita vantagem no Connect, então nem considerei essa opção.
Além disso, assim como o Airport Express, ele só funciona em horários espaçados.
Horários do Connect de segunda a sexta
Sentido Aeroporto-Brás
- 5h40, 6h20, 7h00, 7h40, 8h20, 17h20, 18h00, 18h40, 19h20, 20h e 0h00
Sentido Brás-Aeroporto
- 5h45, 6h25, 7h05, 7h45, 8h25, 17h25, 18h05, 18h45 e 19h25 e 20h05
Horários do Connect aos sábados
Sentido Aeroporto-Brás
- 5h40, 6h20, 7h00, 7h40, 8h20 e 0h00
Sentido Brás-Aeroporto
- 5h45, 6h25, 7h05, 7h45 e 8h25
A tarifa do Connect tem o mesmo valor do bilhete comum da CPTM: R$ 4,30 (também só aceita dinheiro).
Vale a pena usar o trem do aeroporto de Guarulhos?
Enfim, chegamos ao ponto de origem deste post: vale a pena usar o trem do aeroporto de Guarulhos?
Antes de decretar minhas impressões e dizer por que o trem do aeroporto me surpreendeu, procurei ponderar alguns pontos importantes sobre o uso do transporte público em São Paulo.
Eu sei que nem todos têm o mesmo desejo, anseio, ou até mesmo um certo grau de coragem para se locomover por uma cidade desconhecida sem ter um guia por perto – ou pelo menos sem ter a companhia de alguém conhecido.
Para quem tem essa característica, acredito que escolher outra opção um pouco mais confortável talvez seja mais sensato.
Por outro lado, se você tem desenvoltura para circular por lugares desconhecidos e, sobretudo, não quer gastar muito dinheiro com transporte, não vejo motivos para não apostar no trem do aeroporto.
O serviço se mostrou seguro, eficiente e relativamente rápido, mesmo sendo utilizado em um horário de maior movimento.
Por isso, seguindo as minhas impressões e intuições, acho que vale muito a pena dar uma chance ao (pelo menos até agora) impopular trem do aeroporto de Guarulhos. Você não vai se arrepender.
Agora que você chegou ao final do texto, quero saber sua opinião: você pretende usar o trem quando desembarcar no aeroporto de Guarulhos? Já usou? Gostou da experiência ou achou difícil? Usaria de novo?
Escreve o seu relato aqui nos comentários. E se você tiver alguma dúvida, pergunta para mim que eu prometo responder o mais rápido possível!